Quinta-feira, 30.01.14

Os "mercados" são mares nunca dantes navegados!

Quando se discute se Portugal deve ou não ter um programa cautelar ou uma "saída limpa", costuma-se sempre pensar que essa decisão depende da vontade do Governo.

É uma doce ilusão. 

Na verdade, o regresso aos mercados ou o programa cautelar, dependem muito mais das condições dos próprios mercados do que de nós.

É evidente que, se o Governo conseguir manter os números do déficit e da economia dentro ou até acima dos objectivos, isso ajuda e é importante, mas não chega.

Se usarmos uma analogia marítima, podemos dizer que é essencial ter um bom barco, e uma boa tripulação, mas isso não significa que se controle o estado do mar, as tempestades ou as calmarias.

É assim também com o regresso aos mercados: o barco Portugal pode estar em melhores condições, e a tripulação preparada, mas não sabemos como estarão as correntes, se vai haver borrasca ou se as ondas sobem muito até Maio.

Ou seja, essa parte não depende de nós, e nem sequer é possível fazer grandes previsões.

Na passada semana, por exemplo, no mesmo dia que o Governo anunciava um número muito bom para o déficit, as taxas de juro da dívida, em vez de subirem, desciam, por causa da Argentina e dos mercados emergentes!

De um dia para o outro, a turbulência dos mercados logo criou um contexto mais difícil para Portugal.

Ora, até Maio, ninguém sabe o que se vai passar nos mercados financeiros. 

O FED pode cortar os estímulos monetários, a Turquia pode entrar em crise, a Ucrânia pode ir para uma guerra civil, o BCE pode mudar de ideias e subir taxas, etc, etc. 

Os mercados financeiros são sempre mares nunca dantes navegados, e por isso mais vale esperar para ver o que acontece, em vez de decidir à pressa.

publicado por Domingos Amaral às 11:28 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 29.01.14

Francisco: um Papa muito "cool"!

A Igreja Católica estava mesmo a precisar de um homem como o Papa Francisco. 

Foram muitos anos de conservadorismo e moral exagerada vinda do Vaticano, muitos anos sempre a dizer que não a tudo.

A dizer que isto era proibido, e aquilo tinha de ser combatido, e aquelas coisas não podiam ser aceitáveis porque eram impuras, e coisas assim. 

Muito tempo a ouvir ordens, regras, Não, Não e Não e isso cansou as pessoas.
Nos últimos anos, já ninguém se interessava pelo Papa Ratzinger, pelo que ele pensava ou defendia, e eram muito poucos os que ainda o apoiavam.
A Igreja e o seu líder de Roma estavam cada vez mais pequenos, mais insignificantes, mais sozinhos, mais distantes.
E, de repente, surgiu Francisco, um Papa sorridente, humilde, com humor, bem disposto, mas sobretudo um Papa com um humanismo fortíssimo, que dá valor às pessoas, sejam elas quem forem, e não coloca as regras morais acima do coração.
Em poucos meses, Francisco já mudou radicalmente a imagem da Igreja e do papel do Papa.
Agora, já não temos um Papa que passa a vida a dizer-nos o que não podemos fazer, o que é pecado e imoral, mas um Papa que nos mostra como é possível a religião católica aceitar todos os seres humanos, sem uma norma imperativa que exclui muitos.
As suas palavras e as suas ações, seja para com as mães solteiras, seja para com os divorciados, seja para com os homossexuais, seja para com os pobres ou para com os ricos, são um sobressalto emocionante porque representam a coragem de uma mudança profunda, a única mudança que interessa.
É claro que a sua simpatia, a sua simplicidade, a sua boa disposição, ajudam muito, mas mais importante do que isso é a sua liderança nestes actos simbólicos e reais que demonstram a disponibilidade para uma Igreja diferente, que em vez de excluir passa a incluir, que em vez de rejeitar passa a abraçar, que em vez de dizer Não, passa a dizer Sim.
É claro que um homem assim espanta o mundo, e não é de estranhar que a esquerda, seja a europeia, seja a americana, esteja deslubrada com este novo Papa. A capa da revista Rolling Stone, que aqui reproduzo, e o artigo da Rolling Stone sobre o Papa, que aqui podem ler, são um reflexo desse deslumbramento.
E é natural que certa direita mais ideológica, na Europa e na América, esteja entupida e estupefacta com este Papa.
É sempre assim quando alguém muda as coordenadas que regeram o passado, e inventa novos caminhos para o futuro.
Porém, não me parece que seja justo classificar este Papa como um homem de esquerda ou de direita. O humanismo inovador de Francisco ultrapassa as classificações rápidas da política e da ideologia.
Ele prepara-se para mudar o mundo, e quando o mundo muda, mudam as coordenadas de todos, da esquerda ou da direita. 

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar
Segunda-feira, 27.01.14

As praxes nunca mais serão as mesmas...

O acidente dramático ocorrido no Meco mudou as praxes para sempre.

Não sei o que aconteceu naquela praia, nem devemos precipitar-nos em julgamentos sem mais informação.

Mas, o contexto do acidente está obviamente relacionado com o mundo das praxes, das tunas e das universidades, e o acidente alterou para sempre a forma como Portugal aceita essas situações.

Até ao acidente, era possível as pessoas fazerem de conta que nada estava a acontecer, e meterem a cabeça na areia, aceitando à portuguesa que aquilo eram "coisas de miúdos".

Na verdade, não eram. Há dezenas de anos que as praxes descambaram, e são hoje manifestações perfeitamente degradantes da natureza humana.

Jogos de humilhações, violência, pornografia simulada, pancadaria, vale tudo nas praxes.

Estes comportamentos deviam ser, pura e simplesmente, considerados criminosos, e a sociedade devia ter leis para punir os agressores.

Não é aceitável que em Portugal metade do país entre em histeria sempre que há uma pequena história de "bullying" numa escola secundária, e depois aceite as praxes.

As praxes são o "bullying" no seu pior, um "bullying" institucionalizado, organizado, metódico, envolvendo sistemas de liderança, ordens, tácticas, e muitas outras coisas sinistras de que é melhor nem falar.

Os comités de organização de praxes são pequenos gangs com chefe, a quem dá um gozo arrepiante degradar outros alunos de várias formas.

Há décadas que Portugal atura isto, e já devíamos ter todos previsto que um dia, ia acabar mal. 

Chegou pois o momento para criminalizar as praxes mais violentas, mais humilhantes e mais degradantes.

Explique-se aos comités, aos pequenos chefinhos universitários, que podem acabar na cadeia se fizerem certas coisas aos caloiros, e verão como esta vergonhosa bandalheira tem um fim.

publicado por Domingos Amaral às 10:16 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Sexta-feira, 24.01.14

As estatísticas são como os biquinis, mostram muito, mas não mostram tudo...

Nas últimas semanas, várias têm sido as estatísticas positivas divulgadas sobre a economia portuguesa.

O PIB cresceu, sobretudo no último trimestre de 2013.

O desemprego diminuiu, tendência que se notou ao longo do segundo semestre do ano passado.

A receita fiscal subiu muito, em especial a do IRS e do IRC, embora a do IVA tenha crescido pouco.

O deficit vai ficar abaixo dos 5,5% do PIB, combinados com a troika, o que revela capacidade de contenção e cumprimento de objectivos.

As exportações continuam a subir, embora as importações tenham também subido um pouco.

Este somatório de estatísticas positivas não deve ser ignorado, mas também é preciso perceber um pouco melhor porque isto acontece, e qual o verdadeiro impacto na vida dos portugueses.

 

As estatísticas são como os biquinis, mostram muito, mas não mostram tudo...

É verdade que o PIB cresceu, e isso é bom, mas o crescimento é ainda muito pequeno, frágil e há dúvidas se está bem sustentado. 

Crescemos porque houve mais turismo, mais exportações, mais consumo, mas não porque tenha existido mais investimento durante 2013.

O modelo económico português continua o mesmo, e se os estrangeiros não puxarem por nós, é sempre difícil crescer.

Além disso, os cortes orçamentais previstos para 2014, como avisou ontem a Universidade Católica, vão travar o crescimento e podem mesmo contraí-lo.

 

É evidente que a queda do desemprego é o número mais relevante, pela importância social e indivdual que tem, mas há dúvidas sobre se ele cai porque há mais emigração, ou se há mesmo mais emprego a ser criado. 

De qualquer forma, uma taxa de desemprego nos 15% é ainda muito alta, e muito maior do que era hábito.

O grande desafio é perceber se, daqui para o futuro, a economia portuguesa tem capacidade para absorver este desemprego, ou se vamos passar uma década com números desta dimensão, o que será sempre um drama social.

 

Quanto à parte fiscal, o deficit desce sobretudo porque os impostos cresceram, e isso é positivo.

Na verdade, e embora o Governo não o deseje reconhecer, a economia portuguesa adaptou-se muito melhor à subida de impostos de 2013 do que aos cortes brutais na despesa de 2012.

Como a recessão não foi tão funda, as receitas fiscais subiram, e o deficit desceu.

Porém, o governo para 2014 decidiu regressar aos cortes, e por isso é incerto qual será esse impacto em 2014. 

 

É evidente que, com este panorama de sinais positivos, e com as taxas de juro da dívida pública em baixa, muito próximas dos 5 por cento, há condições para Portugal sair do programa de ajustamento em Maio, e até para não necessitar de um programa cautelar.

Mas, cuidado, pois até Maio ainda faltam cinco meses, e as condições económicas têm mudado muito depressa.

O BCE já avisou que a crise não acabou, que os bancos europeus têm graves problemas, e a deflação espreita ao fundo do corredor.

Estar bem em Janeiro não significa que em Maio se vai estar melhor...

 

Por fim, há algo que este Governo parece esquecer.

O povo não se alimenta de boas estatísticas, e embora do ponto de vista psicológico se sintam melhorias em relação ao ano anterior, os benefícios ainda não começaram a chegar ao bolso dos portugueses.

Crescimento económico nem sempre significa crescimento dos rendimentos das pessoas, sobretudo se são valores pequenos.

E há ainda muitos portugueses para quem 2014 vai ser um calvário de sacrifícios, como os funcionários públicos e os pensionistas.

Se contarmos as suas respectivas famílias, são muitos milhões de pessoas que não sentem qualquer melhoria na sua vida.

Tentar criar expectativas positivas com as estatísticas não muda o essencial: o que o biquini esconde não é, neste caso, nada bonito de se ver. 

publicado por Domingos Amaral às 10:17 | link do post | comentar
Quinta-feira, 23.01.14

Os 20 clubes mais ricos do mundo...e os portugueses!

Saiu ontem o relatório da Deloitte que lista os maiores clubes do mundo em termos de receitas geradas e, como já se esperava, o clube português que mais receitas gera, o Benfica, caiu do 22º para o 26º lugar.

É importante dizer que, neste relatório da Deloitte, só são consideradas as receitas de bilheteira, as receitas televisivas e as receitas comerciais (sponsors, merchandising, corporate, etc) não sendo por isso incluídas as receitas com transferências de jogadores.

O Benfica, mas especialmente o FC Porto, são muito fortes nesta receita, mas isso não é contabilizado neste relatório, o que leva os clubes portugueses a terem dificuldade de competir com os clubes das ligas mais fortes (ingleses, alemães, espanhóis, italianos e franceses), bem como com os clubes turcos e mesmo brasileiros (o Corinthians ultrapassou este ano o Benfica).

 

No topo da lista, continuam Real Madrid e Barcelona, que geram receitas de 518,9 e 482,6 milhões de euros, suportadas sobretudo nos fantásticos direitos televisivos e nos patrocínios que geram.

Em terceiro lugar, vem o Bayern de Munich, que destronou o Manchester United da terceira posição. Depois de uma fantástica época desportiva, os alemães chegam aos 431,2 milhões de euros, enquanto o clube inglês se fica pelos 423,8 milhões.

Em quinto lugar, em grande ascensão, aparece o Paris Saint Germain, onde os milionários do Qatar têm investido muito e gerado fantásticas receitas, que chegam aos 398,8 milhões de euros.

De seguida, um clube inglês que está em alta, e dois clubes ingleses que perderam posições. O Manchester City, sobe para 6º lugar, com 316,2 milhões; o Chelsea cai para sétimo com 303,4 milhões; e o Arsenal tomba para oitavo, com 284,3 milhões de euros.

Em nono e décimo aparecem os dois primeiros clubes italianos: a Juventus, com 272,4 milhões, e o AC Milan, com 263,5 milhões.

 

Depois dos dez primeiros aparecem Dortmund, Liverpool, Shalke, Tottenham, e Inter, sendo que este último caiu 4 posições no ranking!

Depois, a surpresa: o 16º classificado é o Galatasaray, que ano passado estava em 29º! Os clubes turcos são os que mais sobem este ano, pois o Fenerbahçe também trepa até ao 18 lugar.

No meio dos turcos está o Hamburgo, que também sobe, e logo atrás estão a Roma e o Atlético de Madrid, que fecham o top 20.

Quem saiu dos 20 mais foram o Nápoles, o Newcastle, o Marselha e o Lyon, que caíram todos muito nas suas receitas.

 

E, para o ano, a Deloitte avisa que os ingleses vão subir muito, pois há novos contratos televisivos na Premier League.

É muito provável que, mesmo com a Benfica TV, o clube da Luz não consiga acompanhar a pedalada, e saia fora dos 30 primeiros. 

Portugal é um país muito mais pequeno que os outros, e ainda por cima com a crise económica que por cá vai, e com a penúria que os nossos clubes ganham em direitos televisivos, temos poucas hipóteses.

Exportar jogadores é uma fatalidade para os nossos clubes.

publicado por Domingos Amaral às 15:53 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Terça-feira, 21.01.14

A sabotagem de Passos a Marcelo

Em política, o que parece normalmente é.

Quando definiu um "perfil" presidencial, o PSD de Passos distinguiu algumas características importantes para um futuro candidato, e é evidente que Marcelo ficou excluído.

Quando se diz que o presidente a apoiar não deve ser "mediático", isto quer dizer uma coisa: não queremos o prof. Marcelo!

Este, rápido e arguto como é seu costume, percebeu perfeitamente o recado, e inteligentemente colocou-se fora da corrida.

É um pouco patético Passos vir agora fazer-se de desentendido, dizendo que não queria excluir ninguém, quando foi precisamente isso que pretendeu.

Diga-se aliás que é natural que Passos não queira Marcelo em Belém, pois na sua cabeça o professor é um homem que ele não controla, e Passos quer alguém na presidência que ele possa "controlar", ou pelo menos prever com facilidade o que vai fazer.

É também evidente que o candidato que Passos quer é Durão Barroso, um homem alinhado com as teses de Passos, e que muitas ajudas lhe deu nos últimos anos, com constantes declarações de apoio às políticas deste governo.

Portanto, parece ser evidente que Marcelo está fora da corrida, e Barroso só não avança se não quiser.

O único problema deste cenário é que Barroso é muito pior candidato do que Marcelo.

No país, são poucos os que o admiram, e menos ainda os que gostam genuinamente dele.

Barroso não é um político afetivo, não desperta simpatia ou sequer empatia.

Pelo contrário, desperta muita antipatia, e muitos são os que não esquecem a forma como "abandonou" Portugal em 2004, trocando o lugar de primeiro-ministro pelo de presidente da Comissão Europeia.

Além disso, a sua estadia em Bruxelas não aumentou a sua popularidade, e são poucos os que consideram que ele fez algo de relevante, fosse pela Europa, fosse por Portugal.

Barroso é visto como um político que manda pouco, influencia pouco, e pouco protegeu os interesses de Portugal.

É certo que não sabemos quem à esquerda se vai candidatar.

Se for por exemplo António Costa, dificilmente Barroso vence as eleições.

Um combate entre Marcelo e Costa, ainda podia gerar dúvidas, mas entre Barroso e Costa, o país prefere claramente o segundo, cuja postura simpática é mais apropriada a um presidente.

Já se fosse Sócrates o candidato do PS, e Marcelo o candidato do PSD, aí era grande a hipótese deste último vencer, pois Sócrates não tem uma relação pacífica com grande parte do país. 

Por fim, resta um cenário aterrorizador: uma luta entre Barroso e Sócrates!

Nesse caso, o melhor é emigrarmos todos. 

publicado por Domingos Amaral às 10:59 | link do post | comentar
Segunda-feira, 20.01.14

A dança entre Passos e Seguro

Há um ano que já vemos isto, esta permanente dança cheia de equívocos e sugestões subtis, entre Passos e Seguro.

Uns dias Passos diz que não precisa do PS, por exemplo para um "programa cautelar", o que logo leva o PS a reagir de forma ofendida.

Noutros dias vemos Passos a namoriscar o PS, dizendo-o essencial para o "consenso nacional", o que leva o PS a fazer-se caro, dizendo que não está disponível para suportar a política do Governo.

Noutros dias a iniciativa pertence ao PS, que desafia o Governo a isto ou aquilo, o que leva o Governo a fazer-se difícil, dizendo que não pode ceder, pois a troika não deixa. 

E noutras ocasiões vemos o PS a atacar o Governo, o que leva este a fazer um discurso de gente séria e responsável, declarando que o país não se compadece com durezas e irredutibilidades, e é preciso responsabilidade.

Portanto, vamos assistindo a esta dança que nunca termina, mas também nunca acelera o ritmo, num conflito de baixo nível de intensidade, que já ninguém entende bem, e que se duvida ser salutar para as duas lideranças e os dois partidos.

A política precisa destes rituais permanentes de ataque, defesa, aproximação e distância, crítica e aplauso, namoro e ruptura, mas se no final do dia, ou ao final de meses, nada se alterou de relevante, o que é que isto é a não ser apenas um espectáculo sem consequências?

Passos e Seguro deviam refletir se valerá a pena viver neste saltitar de pequenas discórdias, neste ziguezague de tácticas, zangas ou amuos curtos. 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:46 | link do post | comentar
Sexta-feira, 17.01.14

O momento de comédia de Vítor Pereira

A conferência de Vítor Pereira na Arábia Saudita vai entrar para os momentos altos de comédia do futebol português.

Aqui deixo o link para o YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=NSjxjG3YxdM

"I speak what I saw!"; "You want the truth or not?"; "You are the police?"; "my words come from my hart"; são já clássicos virais na internet, e ainda mais ficarão o "Excuse me coach!" do interlocutor, ou a não menos hilariante tirada "My friend, I talk about what I want!"

Com um inglês atabalhoado, misturando os tempos verbais, mas muito cioso da sua autoridade como técnico, Vítor Pereira deu um verdadeiro "show" televisivo, que tem entrada directa para o segundo lugar do top das Barracas do Futebol Nacional Lá Fora.

Só não conseguiu destronar a performance de Toni no Tracktor iraniano, mas esteve quase!

E claro, fica ainda muito distante da fabulosa performance de Futre e do "sócio, estou concentradíssimo!", mas essa foi noutra categoria, na dos Momentos Inesquecíveis do Futebol Nacional Cá Dentro!

Estes vídeos têm a virtude de nos fazer rir, sem terem gravidade especial.

Obrigado Vítor Pereira, a liberdade de expressão deve ser defendida até à exaustão, sobretudo num país que não a preza!

publicado por Domingos Amaral às 15:49 | link do post | comentar
Terça-feira, 14.01.14

Morre-nos um rei mas nasce-nos outro!

Tem sido uma semana histórica para o futebol português.

Numa segunda-feira, Eusébio é homenageado na Luz e enterrado com o Rei que era.

Na segunda-feira seguinte, Ronaldo é coroado como o novo Rei do futebol português.

Um e outro são jogadores absolutamente fabulosos, e é um orgulho vivermos num país que conseguiu gerar gente deste calibre estratoesférico.

 

É por isso que me incomoda ouvir gente dizer mal do futebol, e desprezar títulos desta grandeza.

O que seríamos nós sem o futebol? Será que não se dá valor aos prémios de uma pequena nação, que com apenas 10 milhões de pessoas consegue feitos absolutamente anormais para um país da sua dimensão?

Comparemos com outros países europeus semelhantes a nós, como a Suíça, a Suécia, a Áustria, a Bélgica, a Grécia, a República Checa.

Quantos deles geraram os melhores jogadores do mundo? Pois é, nenhum!

E quantos conseguem ter clubes a disputar taças europeias e seleções a ir a meias-finais de europeus e mundiais?

Pois é, com a excepção da Grécia, que foi campeã da Europa em 2004, nenhum desses países, como aliás muitos outros, consegue colocar jogadores, clubes e seleções no topo do mundo.

Só nós, e isso devia ser uma grande razão para orgulho.

Portugal pode não ser bom a fazer chocolates e relógios, como a Suíça; carros, como a Suécia; festivais de música, como a Áustria; ou muitas outras coisas que agora não me lembro, como a Bélgica, a República Checa ou a Grécia, mas é muito bom num sector desportivo e económico com enorme visibilidade, o futebol.

 

Passando a outro assunto, ontem não compreendi os argumentos daqueles que, como Platini e muitos portugueses, desvalorizaram esta Bola de Ouro, dizendo que não deve haver prémios individuais, nem deviam ser premiados jogadores jogam não ganharam títulos colectivos com as suas equipas.

Importam-se de repetir? É que eu acho que não percebi bem...

Para quem não se recorde, vale a pena relembrar aqui algumas evidências.

 

Desde há muitos anos que, em todos os países, e em todas as competições internacionais, se entregam prémios individuais.

Há prémios para o melhor jogador do ano nacional, para o melhor marcador de golos, para o melhor guarda-redes, etc.

Isso também acontece nas provas europeias e de selecções.

No Mundial, ou nos Europeus, sempre houve o prémio para o melhor jogador, para o melhor goleador, etc, etc.

Porque será que agora, subitamente, se põe em causa a eleição do melhor jogador do mundo, dizendo que o prémio individual deve levar em conta os títulos colectivos?

Será que o melhor marcador ou o melhor jogador do ano tem de ser da equipa campeã? 

Só para dar um pequeno exemplo, este ano o campeão nacional foi o FC Porto, e o melhor jogador foi o Matic, do Benfica, que não ganhou nenhum título, e não ouvi ninguém a protestar.

 

A desvalorização da vitória de Ronaldo soa a mau perder (Platini) ou então a pura má fé.

Os prémios colectivos, que eu saiba, são as próprias vitórias nas competições onde as equipas entram.

A melhor equipa do ano, em cada país, é o campeão nacional.

A melhor da Champions é que a equipa vence a final, e a melhor de um Mundial é a equipa campeã do Mundo.

Seria um pouco absurdo dar um prémio colectivo depois da equipa ter sido...campeã do Mundo, que é o melhor prémio colectivo que uma seleção pode ter!

Não se dá prémios colectivos porque não é necessário, os prémios são as vitórias, as taças e os títulos!

 

O que faz sentido é portanto, já sabendo quem foram os melhores colectivos, dar em seguida prémios individuais, como a Bola de Ouro.

Ronaldo é o melhor jogador do mundo no momento, e por isso mereceu esta Bola de Ouro, e quem passar a vida resmungar que ele não ganhou títulos esquece o essencial: o talento individual é distintivo e deve ser premiado à parte.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:15 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 13.01.14

Vem aí uma nova Aliança Democrática (AD) e cuidado com ela!

No Congresso do CDS-PP duas coisas foram evidentes.

A primeira é que Paulo Portas não conseguiu explicar a sua demissão "irrevogável" em Julho, e perdeu uma boa oportunidade para esquecer o assunto.

A segunda é que está em processo acelerado de gestação uma nova Aliança Democrática, uma coligação eleitoral entre o PSD e o CDS-PP.

Faz aliás todo o sentido, politico e aritmético.

 

Politicamente, se este Governo conseguir terminar o programa de assistência com sucesso, como tudo leva a crer que conseguirá, isso será uma vitória política muito grande para a coligação que governa o país.

A vitória será enorme se existir uma "saída limpa", à irlandesa, sem necessidade de programa cautelar, o que é cada vez mais provável, pois os mercados financeiros estão num momento muito bom e isso ajuda muito.

Mas, mesmo que seja necessário um programa cautelar de um ano, será uma vitória, pois as condições deverão ser bem mais suaves dos que as actuais.

 

Com eleições europeias à porta, ir em coligação impede que a insatisfação, que ainda existe, seja destrutiva, minorando as perdas do conjunto.

Além disso, é uma preparação para as eleições de 2015, sendo as europeias uma espécie de "volta de aquecimento".

E, em 2015, a união eleitoral de PSD e CDS-PP terá como trunfos benefícios mais claros para os portugueses, podendo criar-se uma forte movimentação de suporte dessa AD que permita aos dois partidos atingir uma maioria absoluta.

O método de Hondt também ajudará, e será mais fácil a uma coligação vencer um PS que terá, nessa altura, bem menos argumentos do que os que tem agora.

 

Contudo, as maiores resistências a uma nova AD virão certamente do PSD.

No partido laranja, há muitos que não perdoam a Portas a crise de Julho, e que acreditam que Passos tem neste momento um lastro bem mais forte.

Haverá certamente a tentação de "deixar cair" Portas, estigmatizando-o como "irresponsável", e procurando que o PSD, sozinho e liderado por Passos, possa repetir maiorias absolutas solitárias, como conseguiu com Cavaco Silva.

Será, é óbvio, uma aposta com risco mais elevado, porque é mais difícil ter a maioria absoluta sozinho do que em coligação, mas por vezes o risco compensa.

 

O ano de 2014 vai ser essencial para ver qual destas correntes vencerá.

PSD e CDS-PP tiveram enormes dificuldades para gerir a crise, mas agora que o sucesso está à porta, o maior perigo vai ser a gestão das ambições de ambos.  

publicado por Domingos Amaral às 11:03 | link do post | comentar
 

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